26.3.09

Mulheres: roupas, símbolos e mudanças

A história da indumentária feminina está em total conexão com a história da própria mulher na sociedade. A luta pelo seu espaço, pelos seus direitos e pelo seu reconhecimento. Toda esta trajetória foi árdua e um longo percursso que não teria ocorrido sem louváveis mulheres que abdicaram de sua tranquilidade para defender o que almejavam para si e para todas. Nesse caminho as roupas serviram como arma e como reflexo, elas provocaram mudança ao se transformarem e se transformaram devido às conquistas femininas. Mais que moda, a evolução do traje feminino está repleta de sentido social, econômico e político.

É o vestuário das mulheres marginais da Europa e Estados Unidos do final do século XIX que nos dá um indício de como as mulheres se vestiriam atualmente. São mulheres, cujo comportamento considerado subversivo, abriu as possibilidades para as posteriores conquistas da classe feminina.

O vestuário pode demonstrar conformidade com as concepções a respeito dos papéis sociais ou confrontá-las, expressando as tensões existentes na sociedade. Muitas vezes o vestuário fora dos padrões é um indício de quebra com as regras vigentes e denúncia de ideiais muitas vezes abafados por interesses maiores. Assim, as roupas, cumprindo seu papel na comunicação simbólica, são usadas para expressar opiniões, interesses e anseios de grupos oprimidos. Sua importância no século XIX, nas luta das mulheres para conquistar seus direitos sociais e políticos é inegável.

Símbolo não verbal, o vestuário foi usado para demonstrar o desgosto da classe feminina pelos seus papéis socialmente impostos de ócio, submissão e passividade. Uma das alternativas das mulheres era o uso de elementos masculinos em seus trajes. Estes, gravatas, coletes, paletós, chapéus, entre outros, eram colocados para reivindicar a igualdade entre os sexos. Obviamente não era feito de maneira exagerada, estes itens eram combinados à vestimenta feminina, uma maneira de iniciar uma mudança sem chocar ou provocar revolta.

Mulheres ligadas ao movimento feminista lutavam por uma reforma no vestuário. Elas defendiam o uso de peças confortáveis, que pudessem proporcionar maior independência para a mulher e combatiam os trajes que aprisionavam e dificultavam o dia-a-dia feminino. Amélia Bloomer foi uma americana que chegou a propor o uso de uma nova silhueta mas, como as idéias em relação ao gênero estavam extremamente arraigadas na população, seu traje gerou burburinho, chamou atenção, mas foi altamente discriminado e agredido, não se tornando habitual.

A medida que a classe feminina começa a aumentar sua participação na esfera pública, trabalhando, estudando, praticando esportes ou mesmo socializando a inadequação de seus trajes se faz mais evidente.
Mas nenhuma das mudanças ocorreu como "evolução do traje". Elas foram fruto da luta pelo reconhecimento da mulher na sociedade como um indíviduo produtivo, e não apenas como mãe ou dona de casa.



Um comentário:

vanblog disse...

Muito legal seu blog.
Também entendo a moda assim: sempre relacionada aos constextos sócio-culturais e respeito as que de alguma forma subverteram e ainda subvertem os padrões. Abraço. Vania