27.1.07

Sustentabilidade Fashion


O tema da edição atual do SPFW é a Sustentabilidade e há diversas semanas vêm sendo divulgados como os estilistas interpretarão o tema, quais materiais usarão, etc... Acredito nunca ser excessiva a discussão deste tipo de assunto, conteúdos que resultam em ações efetivas e urgentes na nossa sociedade, como por exemplo, o movimento Carbon Free*, que luta pela neutralização da emissão de gás carbônico na atmosfera, apoiado pelo SPFW e diversas grifes como a Garimpo+fuxique e Uma.
A moda, como comunicadora de valores, é parte fundamental nesta tendência mundial, de um olhar mais atento para a natureza e busca de soluções menos agressivas.
Diversos são os projetos e iniciativas que promovem uma “moda consciente”:
Slinfings*: criada pela estilista britânica Rachel Bending, quando mudou-se para Austrália, esta marca vende bolsas e roupas handmade, feitas com matéria prima reciclada e em máquinas de costura que funcionam à base de luz solar.
Emporio Armani (Product) Red: A marca mundialmente conhecida lançou esta linha com 40% destinada ao projeto (Product) Red*, do cantor Bono, que visa combater a Aids na África.
Green by Missaki: a grife infantil criou cinco bonequinhos, que têm a sua venda revertida para a ONG Grupo Primavera, que ajuda meninas de baixa renda.
Osklen: A grife carioca sempre apostou em materiais alternativos e teve uma coleção lançada com a ONG e-Brigade, que tem como missão usar a moda para debater questões ecológicas.
AmazonLife*: a marca de acessórios substitui o couro por borracha extraída pelos seringueiros do Acre, é o chamado couro vegetal.
Stella McCartney: usa apenas couro sintético em suas criações.
Wollner: em sua última coleção existem algumas peças, pintadas à mão que foram produzidas em parceria com o Projeto Vida Real, que objetiva afastar jovens do tráfico.
Zil: criou uma camiseta que tem sua venda revertida para a ONG Repórter Brasil que, juntamente com a Organização Internacional do Trabalho, luta pela extinção do trabalho escravo, ainda existente no mundo (calculam-se 12,3 milhões de pessoas).
Coopa-Roca*: coperativa de trabalho artesanal e costura da favela da Rocinha, que resgatou diversas técnicas tradicionais brasileiras de trabalho manual com aplicação na moda e já teve diversos parceiros nacionais e internacionais.

Estes são apenas alguns dos exemplos de marcas que possuem um trabalho engajado, seja com enfoque ambiental ou social, o importante é usar a criatividade na busca de um mundo mais equilibrado.
E, apesar dos envolvidos com este tipo de trabalho crescerem diariamente, ainda existe muita desinformação.
Não sabia se ria ou me preocupava e, é claro, fiquei muito chocada, ao ler no jornal Folha de S. Paulo, do dia 26 de janeiro, na coluna da Mônica Bergamo, algumas entrevistas feitas com as modelos participantes do SPFW:

Marcelle Bittar, 23 anos

“ Ai, lá vem vocês (jornalistas) com essa de sustentabilidade de novo...Bom vamos lá!” Ela pára, olha para cima e, dez segundos depois, responde:
“Acredito, porque sou superpositiva, mas não vai acontecer enquanto eu viver.” Marcelle fala mais sobre a responsabilidade das tops de defender uma moda politicamente correta. Ela trabalharia para uma grife que explora o trabalho infantil?
“Com certeza”, ela responde. A coluna repete a pergunta: “Você desfilaria para uma grife que explora o trabalho infantil?” E ela: “Nossa, com certeza. Com criança, até de graça.”

Aline Weber, 17 anos

“Prefiro falar de sustentabilidade no caso das modelos.” Como assim? “Acho que sustentabilidade somos nós, modelos, termos que sair viajando sem saber nada do lugar, a ter que aprender a se virar sozinha desde cedo, sabe?”
(...)Você desfilaria para uma marca que usa crianças para fabricar as roupas? “Ah, se fosse uma marca boa, acho que tudo bem.”

Stefânia, 16 anos

Foi realizada a mesma pergunta.
“Olha, este é o meu sexto Fashion Week e só agora comecei a ter mais visibilidade. Então, se fosse uma marca legal, eu faria sim. Mas, se usasse trabalho escravo, eu não faria não. Trabalho escravo é meio punk.”

Viviani Orti, 16 anos

A modelo não quis falar sobre o tema de semana. “Nem sei qual é”. Sobre a proibição de menores de 16 anos nas passarelas do evento, ela diz que achou “uma boa idéia”. “comecei com 13 anos, era muito nova, mal sabia o que ‘tava’ fazendo. Sou super a favor”.
Para ela a morte da modelo Ana Carolina Reston “só aumentou o mito de que modelo não come”. Ela diz: “Nossa, eu como muito, não dá nem para acreditar!” Cardápio do dia? “Hum...hoje eu comi dois pães de queijo.” E passando das 22hs? “É, mas agora vou para casa e vou jantar direitinho.”

A reprodução destas falas nos dá uma noção de um problema extremamente alarmante: o das milhares das meninas que abdicam da educação para entrar precocemente para o mundo do trabalho. Além do prejuízo pessoal de cada uma, elas ainda, muitas vezes, são porta vozes de certos assuntos e, principalmente durante as semanas de moda, têm suas opiniões ouvidas por um grande público. Isto sem contar com outra imensa quantidade de meninas que, desde novas, sonham em se tornar como as acima citadas, modelos ou celebridades, meninas super expostas, valorizadas, mas sem nenhum conteúdo. É claro, isto não se aplica em todos os casos, mas ao nos depararmos com este tipo de ocorrência, no mínimo, nos preocupamos.
*links

6 comentários:

Anônimo disse...

oi marianna!
que bom que vc gostou do meu blog!
estava mesmo esperando algum comentário!!!! :))))
eu tb gostei muito do seu, vou colocar um link pra você no meu blog!
e já q vc gostou do meu poderia fazer o mesmo!!!??? :))))
aguardo novos posts!
bj!!!

Anônimo disse...

Oi Mariana, gostei das cores de seu blog, seu totalmente a favor da neutralidade...hehehehe...
Lendo o tema da postagem, não pude deixar escrever algo a respeito:
Tive contato com o tema sustentabilidade, através de um programa em São Paulo feito pelo Banco do Brasil com alguns apicultores da região onde eu morava.Uma amiga cometou a respeito e achei muito interessante, e esta preocupação em mostrar através de um veiculo tão direto de comunicação como a moda, tras mais acessibilidade pra quem ainda se preocupa com o resto do que temos.

Anônimo disse...

pode deixar que acompanharei sempre!
adoro moda e os (bons) blogs de moda!!! :)))
bj!!

Carolina Wudich disse...

Oi Marianna!
Adorei teu blog!
Adoro conhecer novos blogs sobre moda!
Seja bem-vinda a BlogLand!
Grande abraço,

Carol Wudich.

Jaqueline Carvalho disse...

opa.
seja bem vinda.
espero que possamos nos ajudar alias.
somos novas aqui não é mesmo?
hehehehe.

mas pelo que vejo vc está indo pelo caminho certo e estou adorando o seu blog.
e assim que eu souber add links eu a add.
huheuhuehue.
o negocio tá complicado.

bjOx.
Jaqueline.

Mónica Lice disse...

Parabéns pelo blog! Gostei muti de o conhecer!

Beijinhos de Portugal!